Em uma realidade cristã, quando falamos de propósito, parece até que estamos nos referindo a algo batido, no qual estamos tão acostumados a ouvir que passa a perder o sentido. É muito fácil pensar que tal palavra refere-se a um resumo do que devemos fazer na nossa vida, principalmente quando nos referimos a relacionamento, porém, precisamos olhar muito além dessa superfície que achamos saber com tanta profundidade, quando na realidade, que é exterior.
Propósito, segundo o dicionário, significa “intenção de fazer algo, um projeto, ou um desígnio”, mas também pode ser definido como “aquilo que se busca alcançar, finalidade, intuito”.
Rick Warren, em um de seus vídeos sobre sua maior obra literária, “Uma vida com propósitos” cita que tal ideia pressupõe-se de uma necessidade de preencher um vazio interior, não necessariamente aplicada a cristãos, mas a todo indivíduo, que tem a necessidade de entender quem ele é, e para onde ele vai quando a vida acabar.
Neste mesmo vídeo, Rick Warren também apresenta que propósito é, na realidade, uma forma de criarmos uma base de confiança para a criação de laços de amizade e futuros relacionamentos, pois no fim das contas, aquilo que temos como finalidade em nossas vidas nos permite seguir em uma caminhada de uma maneira ou de outra, dependendo apenas do ponto de vista que cada um leva em suas vidas, e do que este tem mais facilidade de aceitar (ou não) em sua caminhada.
Ao desenvolver esta primeira parte de linha de pensamento, tinha em mente que nós seres humanos temos total domínio sobre nossas preferências de propósito de vida; foi muito fácil, como uma pessoa cristã, ter uma visão tão cética acerca de um assunto tão importante biblicamente dizendo – e foi neste momento, que percebi que havia algo errado.
Passei a perceber o quanto o dia a dia, cheio de seus argumentos relativistas, me fizeram aceitar que mesmo com a soberania de Deus, com o cuidado diário que Ele dá, o ser humano poderia ter tamanha autonomia para decidir todo o seu destino, sem que o início e fim, fosse moldado pelas mãos do Criador.
Ao me dar conta de tal situação, percebi que era necessário rever de que forma devemos compreender a ideia de propósito nas nossas vidas, e em busca de respostas, compartilho abaixo o que se foi compreendido através das Escrituras, com base em algumas passagens do livro de Eclesiastes:
- Propósito é limitado na terra, e ilimitado no céu: No livro de Eclesiastes, Salomão apresenta o quanto a vida aqui não faz sentido, principalmente pelo fato de que nos esforçamos demais por algo que começa e termina aqui, sendo tudo realmente limitado as condições dadas a nós na terra. Porém, ao olhar para Deus, Salomão reconhece que em tudo Deus cuida e provém sustento, pois no fim das contas, o que vivemos aqui não se trata deste limite, mas sim de uma eternidade. (Ec 8:16-17)
- Propósito também está relacionado a sabedoria: Apesar de não ser um assunto tratado ao longo do texto, é de extrema importância de se pensar com base na ideia de propósito. Em Eclesiastes, algo que é destacado em alguns capítulos é acerca de sabedoria (Ec 9:13-18; 11:1-6). Analisando Provérbios, principalmente dos capítulos 2 ao 8, foi possível se compreender sobre sabedoria de uma lógica muito simples: conhecimento gera discernimento, e discernimento, gera sabedoria. A partir do momento que você tem conhecimento de um assunto, você cria uma visão crítica sobre ele e consequentemente, você gera um domínio sobre o assunto que te dá a capacidade de ensinar sobre isso. A questão aqui não é você se tornar um professor, mas entender de forma didática a consequência de buscar sabedoria. Quando voltamos a Eclesiastes, conseguimos perceber que a busca pela sabedoria é algo que devemos ter como “meta” em nossas vidas, pois para alcançá-la, precisamos buscar primeiramente a Deus e a sua palavra, de modo que com o tempo, a compreensão sobre a eternidade fique mais clara, apesar de sermos seres limitados em um mundo limitado.
- Propósito não é apenas o que queremos, mas o que Deus tem para nós: Neste tópico, me refiro diretamente a parte final do livro de Eclesiastes, no capítulo 12 versículos 13 e 14, onde Salomão fala basicamente sobre duas coisas: que de tudo que passamos e aprendemos, o principal é temer a Deus e obedecê-lo, e que no fim das contas, tudo que fizermos será julgado. Esta segunda parte não deve trazer desespero ao coração, mas trazer a memória que tudo o que estamos realizando dia após dia é observado por Deus, e justamente por isso, é essencial parar e reavaliar o que temos tido como propósito no nosso cotidiano, para que assim, venhamos a discernir se estamos de fato tendo temor e obediência ao Senhor, e mais que isso, se estamos aprendendo a deixar que Ele aja em nosso favor ao longo dos nossos dias.
Propósito é aquilo que precisamos ter pela necessidade humana para preencher nosso coração de um objetivo e um estilo de vida. Entretanto, quando analisamos isso a luz das Escrituras, percebemos que o essencial é que Deus seja o Senhor de nossas vidas, para que assim, possamos conhecê-lo e entender o que Ele deseja que vivamos como propósito de vida, e possamos crescer como indivíduos na sociedade usados por Ele.